COQUE OU TOUCA?
Cabelo feminino é coisa séria e sempre foi difícil de cuidar. A moda dos cabelos muda muito a cada época. Fazemos qualquer sacrifício para ter corte e um penteado moderno.
Já foi moda ser ondulado, penteado de lado, corte a “là garçon” muito curto, chanel pela altura dos ombros, com franjas, crespos, lisos, presos em coques como nossas avós, longo e solto ao vento, quando liso. Pintar também já virou mania. Nenhuma mulher, que seja ao menos um pouquinho vaidosa, deixa seus cabelos ficarem grisalhos. Dizem que não se faz avós como antigamente. Loira é loira, ninguém mais sabe quem nasceu ou não loira, não importa se é inteligente ou não, importa é que ser loira é moda.
É sofrido manter os cabelos lindos e sedosos e haja tempo e dinheiro para o cabeleireiro. Houve época, lá pela década de 60 até o começo da década de 70, que a moda era cabelos lisos mas tão lisos que as mulheres dormiam de touca; o cabelo era enrolado em torno da cabeça e presos com muitos grampos. Depois invertia-se o lado. Ora para a direita, ora para a esquerda. Ficava liso e escorrido. Quando não era liso escorrido, faziam os penteados da época: Banana - desfiado enrolado e preso atrás da cabeça, da nuca em direção ao topo. Ficava realmente parecido com uma banana. Ou coque alto trançado. O cabelo era enrolado com bobies. Para dar boa fixação era usado cerveja e secava-se num secador enorme, com pedestal. Quando solto, era desfiado; para dar maior volume colocava-se palha de aço no meio. Para ficar “bonito” ia sendo alisado pelo lado de fora e sendo trançado no alto da cabeça. Se você conhece a rosca doce trançada de padaria, era isso mesmo que parecia. O cabelo era transformado em algo parecido com uma caixa de marimbondo. Para fixar, além da cerveja usava-se um laquê feito em casa com breu derretido em banho-maria, que na maioria das vezes pegava fogo na vasilha, o que era muito perigoso. O penteado ficava firme pois era preso com muitos grampos, e durava muitos dias.
Na hora de desmanchar o penteado era um verdadeiro terror, escovar aquele cabelo desfiado, dava vontade de chorar! Mas todas as mulheres de época enfrentavam o sacrifício e voltavam a fazer o tal penteado a cada novo compromisso social. Só nas cabeleireiras gastava-se em torno de três horas para fazer o tal penteado. Não existiam os xampus e cremes de hoje. Era tudo na raça e na coragem.
O “permanente” (o cabelo era enrolado com bigudinhos de alumínio) era feito com um líquido mal cheiroso que muitas vezes deixava o cabelo além de muito crespo, bastante queimado e danificado. Muitas mulheres enrolavam seus cabelos com bobies na cabeleireira e passavam o dia com um lenço amarrado. Muitas vezes dormiam com aquele cabelo preso e acordavam com dor de cabeça, pois além de sentirem o cabelo apertado, nem posição para dormir tinham, pois os bobies machucavam a cabeça.
Era muito comum as mulheres irem às compras com os cabelos enrolados. Disputavam a cor e o tecido do lenço, que devia ser de seda. Foi uma época tão difícil, que a moda seguinte foi usar perucas de “canecalon”, um produto sintético que deixava as mulheres com aparência de bonecas de plástico além do calor insuportável. Não sei o que as deixava pior, se os bobs ou a peruca. Não foi uma época fácil para a vaidade feminina, mas, sobreviveram. Muito pouca coisa mudou desde então. Hoje a moda é alisamento com produtos muitas vezes perigosos e a tal da “chapinha” quente e escova progressiva. Como mulher sofre!!!
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